Vinhais, 5320
41.8356273, -7.0022956
O castelo de Vinhais é o produto das tentativas de centralização do território transmontano em "vilas novas", diretamente sob controlo do rei e mais aptas a desempenhar as funções de atração e de organização dos homens. A primeira tentativa para constituir esse polo urbano aconteceu no reinado de D. Sancho II, mas só no de D. Afonso III (já depois de uma primeira tentativa deste monarca em 1253, ano em que passou carta de foral à localidade) se constituiu a vila, "num cabeço fronteiro a Crespos", onde existia um primitivo núcleo de povoamento centralizado em torno da igreja de São Facundo (GOMES, 1993, pp.180-181).
De instituição, portanto, tardia, a própria construção da vila (com o seu castelo e igreja matriz) terá sido bastante demorada, não se referindo o seu templo paroquial no Catálogo de 1320-21. Rita Costa Gomes admite que as muralhas se terão concluído ainda no século XIII e que, na centúria seguinte, foram objeto de uma reforma (GOMES, 2003, p.159). Não estamos em condições de confirmar esta hipótese, mas a ser assim poderemos equacionar que o núcleo instituído por D. Afonso III denotaria muitas insuficiências, a ponto de, no tempo do seu sucessor, se terem logo efetuado melhoramentos significativos.
Em qualquer dos casos, parece certo que, no reinado de D. Dinis, o sistema militar de Vinhais estava em laboração, datando dessa época uma cerca com cinco ou seis torres, cuja porta principal era flanqueada por duas delas, numa composição harmónica e simétrica característica da arquitetura das vilas urbanas do tempo de D. Dinis. Por não dispor de alcáçova, a torre de menagem estava integrada na cerca, de acordo com a tipologia dos castelos góticos. A própria planta do conjunto, definindo uma área muralhada de perfil oval, ainda que ligeiramente irregular, é uma prova do tempo claramente gótico da construção.
O castelo de Vinhais desempenhou importante papel no século XIV, na conturbada conjuntura do reinado de D. Fernando e da revolução que se lhe seguiu. Entre 1369 e 1371 foi ocupado por tropas castelhanas e, escassos doze anos depois, o seu alcaide tomou o partido espanhol. O estatuto periférico da fortaleza, reforçado pela extrema proximidade do reino de Castela, com o qual dispunha de fáceis vias de acesso, terá acentuado a maior ligação dos senhores do castelo aos invasores, facto que se voltou a repetir em 1397, quando o alcaide João Afonso Pimentel se revoltou contra D. João I e abraçou a causa castelhana, só voltando à posse nacional em 1403.
Classificado como MN - Monumento Nacional